YouNDigital Newsroom
No Result
View All Result
  • Our News
    • Arts and Culture
    • Economy
    • Education
    • Environment
    • Gender Equality
    • Human Rights
    • Politics
    • Society
    • Sports
    • Technology
  • Check before publishing
  • Publish here
  • The Project
    • Contacts
  • Login
  • Register
  • Our News
    • Arts and Culture
    • Economy
    • Education
    • Environment
    • Gender Equality
    • Human Rights
    • Politics
    • Society
    • Sports
    • Technology
  • Check before publishing
  • Publish here
  • The Project
    • Contacts
No Result
View All Result
YouNDigital Newsroom
No Result
View All Result

Ainda bem que não sou Barbie, ainda bem que sou mulher

Andreia CalvinhobyAndreia Calvinho
March 10, 2024
My Collections (0)
Please login to bookmark Close

Please login to bookmark

Register
Forgot your password?

No account yet? Register

No último dia 6 de março, a Barbie, boneca mais icónica do mundo, celebrou o seu 65º aniversário. E embora a beldade loira, branca, elegante e estilizada, tão ilusória e utopicamente concebida pela sua criadora, Ruth Handler, visasse tão somente possibilitar o sonho a todas as meninas no ato de se reinventarem e imaginarem num tão aparente perfeito universo, hoje reconhecemos que aquele ícone representava e perpetuava a construção, enraizamento e transmissão de um arquétipo dominante de figuração feminina indelevelmente atingível na sua forma e indesejável no conteúdo característico e firmado como permitido ao papel de mulher.

Desde o seu ‘nascimento’ até ao corrente, a boneca-brinquedo, tal como a mulher, sofreu as metamorfoses dignas que o tempo lhe concedeu, e que a evolução política e social do seu conceito atingiu através de ‘lutas’ mais ou menos veladas e destruidoras dos valores-ornamento que quais meros artifícios vazios insistiam na diminuição da mulher. Sim, a Barbie contribuiu negativamente para a conceptualização de uma representação de percepção de feminilidade errada, padronizada e discriminadora, não obstante desprovida no intuito criador que lhe subjazeu, ao considerar a mulher tão só enquanto mulher-objecto – uma mulher cuja existência teria como fim último ser olhada e contemplada pela beleza da qual se dotada, então merecedora de ser e de se dizer mulher.

De facto, as representações não se apresentam como o espelho da realidade, designando-se, à luz de Walter Lippmann, como imagens mentais que se interpõem entre o indivíduo e a realidade, pelo que a cautela se impõe. Impõe-se perante a perigosidade de se generalizar a utilização de versões tão redutoramente hiper-simplificadas dessa realidade. É o domínio do tão vulgarizado estereótipo, que tem em dada medida a sua utilidade, aceitemo-lo, mas dificilmente se ‘move’. É-lhe característico perdurar no tempo e tendencialmente parcial, pintando apenas uma lado da história, esta história que é a da mulher. E são estes estereótipos, dificilmente abalados por informações que os contrariem, que se materializam em imagens generalizadas e exageradas e “reduzem as pessoas a um pequeno conjunto de características simples e essenciais” (Stuart Hall).

Confusos? Eu não o estou. A mulher-sonho plastificada evoluiu sim, mas evoluiu em virtude dos movimentos contestatários que ao longo do tempo decorreram numa sociedade globalmente considerada na qual ser mulher equivaleu a hipóteses tão finitas quanto o ser e existir para servir os outros, para servir a família, os filhos e, sobretudo, o homem, qual mulher submissa que não vislumbrara ainda o que seria a sua emancipação.

Atualmente, a Barbie já não é mera figuração imaginada e já não somos nós, mulheres, que procuramos ser transportadas para aquele seu outrora idealizado universo. Agora é o universo Barbie que se imiscui da diversidade existente no nosso mundo, através da inclusão de uma multiplicidade de mulheres-bonecas, todas elas distintas e únicas na sua singularidade, todas elas aceites e dignas de ser admiradas, todas elas Barbie, porque ela hoje visa ser a construção da imagem de cada uma de nós.

Assim, neste dia 8 de março, dia da Mulher, dirijo-me a todas vós, mulheres, e felicito-vos. Felicito-vos pelo vosso compromisso sistemático em desempenhar os vossos papéis nesta sociedade. Numa sociedade onde embora as difíceis lutas pelo sufrágio, e esforços constantes visando a superação do paradigma da hierarquia doméstica ou o rompimento da percepção de mulher enquanto objeto sexual, ser mulher ainda é difícil, ser mulher ainda não simboliza equidade na sua plenitude, pois homens e mulheres não vivem em mundos iguais, e muitas vezes é a própria mulher que promove a irreal construção da sua imagem, que indiretamente a violenta, e é percursora de conflito interno na acepção de si mesma. Não desejo que ocorra fenómeno análogo à realidade vivenciada por Ken, no universo Barbie do filme protagonizado por Margot Robbie, cuja existência é o equivalente à realidade experienciada pela mulher. Ken é mero apêndice subalternizado a uma Barbie, não tendo qualquer propósito ulterior ou sentido para ele uma vida na qual a Barbie é personagem omissa, porque também Ken tem um papel, também ele tem uma voz que carece de se fazer ouvir e representar, pelo que, muito embora seja dia da Mulher, sinto que o meu dever é lembrar que isto não se trata exclusivamente da mulher. Trata-se de todos nós, mulheres e homens, que num mesmo mundo coexistem e convivem, e bom seria se o fizessem à luz do recíproco reconhecimento e visão de que um e outro, paradoxalmente na diferença que se lhes opõe, são semelhantes  e espelho mútuo do ser que partilha este mundo, o nosso mundo, o mundo dos homens e das mulheres.

Texto de Andreia Roque Ximenes Calvinho, estudante do 3.º ano da Licenciatura em Jornalismo e Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
0 0
196
VIEWS
Please login to join discussion

RELACIONADOS

Human Rights

Uma felicidade que se reconstrói com avanços e recuos: A vida com cegueira

July 15, 2024
Education

Mulheres de Abril: as memórias de uma luta que continua por cumprir

July 15, 2024
Human Rights

As memórias de uma mulher oprimida no Estado Novo

June 26, 2024
Human Rights

Acampada Estudantil pela Palestina na Universidade de Coimbra

May 23, 2024
Human Rights

25 de abril em Coimbra

May 13, 2024
Gender Equality

Maria Liberdade: vozes silenciadas que não se voltam a calar

May 2, 2024
2023 YouNDigital. All Rights Reserved.
<span data-metadata=""><span data-buffer="">youndigital@youndigital.com
  • Login
  • Register
  • Our News
    • Arts and Culture
    • Economy
    • Education
    • Environment
    • Gender Equality
    • Human Rights
    • Politics
    • Society
    • Sports
    • Technology
  • Check before publishing
  • Publish here
  • The Project
    • Contacts

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password? Register

Create New Account!

Fill the forms below to register

All fields are required. Log In

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In