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Tempo que não volta

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July 17, 2024
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Moçambique: o lugar que mudou a minha vida para sempre

Chamo-me Mafalda Touguinha e vou contar uma história da minha vida, com a temática da nostalgia de infância.

É com grande saudade que recordo a minha primeira viagem de avião a Moçambique, com a duração de doze horas. Poderia ser o relato de qualquer outra viagem ao longo de toda a minha vida ou até por ter sido a primeira, mas não é o caso. Nasci no Hospital de São João, no Porto, com 29 semanas, 37cm, 1.080Kg e tenho atualmente 18 anos. Devido ao meu nascimento prematuro e ao risco de vida que corria, não podia estar longe do HSJ, o que implicou que demorasse tanto tempo a sair deste cantinho, mais concretamente, da Póvoa de Varzim, cidade onde cresci e vivi até ir para a faculdade, em Coimbra.

26 de novembro de 2009, a realização de um grande sonho. Saímos de casa de madrugada, ainda estava de noite, e seguimos em direção ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro. O tio Nelson, irmão da minha mãe, foi-nos levar e eu passei a viagem de carro toda acordada, a contemplar a beleza do breu da noite e a falar sem parar, pois, estava muito ansiosa.

Éramos um grupo de dez e por um erro de marcação foram atribuídos dois lugares de primeira classe que, por delicadeza dos nossos amigos, foram cedidos a mim e à minha mãe. Infelizmente, o grupo já não está completo, pois, um amigo, que era um famoso advogado, faleceu em fevereiro de 2022, com um cancro nos pulmões, porque fumava muito. Como nasci prematura, com apenas um kilo, tendo pesado 925 gramas, a minha mãe tinha muito medo de viajar comigo para um país tão longínquo e um amigo que é médico e diretor do Hospital Santo António, no Porto, ofereceu-se para viajar connosco e foi assim que viajamos até ao norte de Moçambique, onde nasceu a minha mãe. Levamos antibióticos, diversa medicação e aparelhos que seguiram com o médico, mas felizmente correu tudo tão bem que nada foi necessário durante três semanas maravilhosas e inesquecíveis que vivemos!

Nunca dormi bem e ainda hoje tenho esse problema, devido às intervenções que tiveram de ser feitas ao longo dos anos, durante a noite, por não ter nascido como os outros bebés, mas, para surpresa de todos, passei as doze horas da viagem a dormir e quando o avião aterrou no Aeroporto de Maputo acordei muito chateada e disse: “Apaguem as luzes”; todos se riram.

Apesar de na altura ser pequena, tinha quatro anos, ainda sinto os perfumes doces, o cheiro e a cor da terra (cor-de-tijolo) característicos de África. Na minha memória persistem os animais diferentes, sobretudo os flamingos, pela sua beleza exuberante; no meu paladar persiste o sabor do coco (a água de coco é usada como soro) e das frutas exóticas, em particular papaia ou manga, que ainda hoje são das minhas frutas preferidas; no meu olhar permanece a beleza ímpar das ilhas Quirimbas, das praias de Vilankulos e a ilha de Bazaruto.

Aproveitei para experimentar novos sabores e aumentar o conhecimento do meu paladar, com algumas comidas típicas moçambicanas, como o cheiro do caril, chacuti, o sabor das amêijoas e caranguejo como não há igual. Abriu-se um mundo completamente diferente: África, um continente que ainda hoje me faz reviver a minha infância.

Apesar de ter ficado fascinada com Maputo, não ficamos por aí, fomos a Pemba, atravessamos para as ilhas Quirimbas, nomeadamente Matemo, depois viemos pela Beira e também fomos à ilha de Bazaruto. Claro que tudo isto foi marcante, perfeito, o paraíso na terra, mas, o mais extraordinário foi visitar a terra da minha mãe, a Beira. Ali vivi a minha infância e pude reviver a dela através do seu olhar maravilhado e das suas recordações.

Quando estávamos em viagem no Aeroporto de Maputo, aterrou o avião da FIFA e o Presidente da República de Moçambique, que naquela altura era Armando Guebuza, deslocou-se, de propósito, ao avião, para ver a taça do Mundial de 2010, na qual Espanha se sagrou campeã.

Também fomos ao Kruger, em África do Sul, onde os animais andam todos à solta. Inconscientemente, dentro do carro, queria pôr a mão a um leão. Vi tantos animais, desde macacos, leões, crocodilos, elefantes bebés a correr atrás da sua mãe, …, que, queria continuar ali, mesmo de noite. Não podia desperdiçar o facto de estar num país diferente e como Moçambique e África do Sul são vizinhos e têm a sua fronteira junta, andava a brincar com um pé de um lado e com o outro no outro, a dizer que estava metade em Moçambique e metade em África do Sul.

Adorei cada lugar que estive, cada novidade, cada detalhe, mas, o meu preferido foi sem dúvida, a Ilha de Bazaruto. As praias tão delicadas, as decorações locais que me deixaram maravilhada e o nosso quarto de hotel, que era em cima da praia; bastava abrir a porta da varanda e já estávamos com os pés na areia, a caminho do mar. Ainda hoje tenho memórias desse hotel, imagens vívidas na minha cabeça, porque para uma criança é algo extraordinário, que é mais do que o paraíso e que a perfeição; lembro-me de dizer à minha mãe que queria ficar ali para sempre, naquela ilha, com aquele quarto de hotel e nunca mais regressar.

Como era de esperar, o meu conto de fadas não durou eternamente e tivemos de regressar. Ainda tinha uma semana até voltar para Portugal, por isso, voltamos para Maputo, para a casa do meu avô materno.

O meu avô tinha uma fábrica de redes e uma peixaria, onde o peixe chegava todos os dias de manhã fresquinho à loja, vindo diretamente do barco. Não sabemos ao certo o motivo, mas eu só como peixe; quem sabe se não foi naquela época que fiquei viciada no cheiro a peixe fresquinho, a maresia e se não é por isso que hoje adoro um peixinho na brasa.

Sempre fui muito magrinha e não podia perder peso, por isso, era pesada quase todos os dias, em balanças manuais, penduravam-me como se fosse um peixe, para terem a certeza de que estava tudo bem. Em três semanas consegui engordar um kilo, foi uma vitória!

Esta viagem foi muito enriquecedora em todos os níveis, muito entusiasmante, onde estive sempre à descoberta da diversão e da aventura, contudo, também foi de muitos afetos, já que o meu avô materno ainda hoje vive lá e só o vejo uma vez por ano, no verão, quando vem a Portugal para realizar exames e consultas médicas (em 2009 estivemos juntos duas vezes, foi tão bom!).

Durante a minha estadia senti-me completamente uma princesa de África, adorada por todos, sempre o centro das atenções, onde tudo girava à minha volta. Estive fora de casa três semanas e nunca senti vontade de voltar, só queria ficar por lá para sempre, com o meu avô e os novos amigos que conheci enquanto estive lá. É com grande nostalgia que relembro este momento tão único do passado que se perdeu irreversivelmente!

O tempo voou e regressamos a casa, mas, uma parte de mim ficou naquele lugar magnífico. Entretanto já fui mais vezes a Moçambique, no ano seguinte, em 2010, com outros amigos e mais tarde, já com oito e doze anos, sozinha com os meus pais. Passei lá o meu oitavo aniversário e tive uma festa muito bonita, com os amigos que fiz na primeira vez que lá fui. Quando fui lá a última vez passei o Natal e o Ano Novo com o meu avô, algo que nunca tinha acontecido antes e que nunca mais aconteceu.

Todas estas idas a Moçambique têm sempre um sentido diferente e especial, tornando cada viagem única e inesquecível. Já com mais idade, percebi que a vida não se repete e que não vivemos outra vez o mesmo dia, por isso, passei a ter outra perceção do mundo e a dar mais valor à vida que tenho, por ter uma família, casa, comida e muito amor. Nas quatro vezes que visitei este lugar tive a oportunidade de poder dar comida às famílias que viviam nas palhotas, com um número extenso de filhos e passavam fome e, foi muito gratificante, pois essa experiência mudou-me.

Uma curiosidade sobre mim é que tal como a minha mãe, eu também tenho dupla nacionalidade.

Para concluir, devemos aproveitar a vida ao máximo, estar com as pessoas que mais amamos, fazer o bem e sermos felizes, pois só assim teremos uma vida bonita.
Trabalho realizado por Mafalda Filipa Cruz Touguinha Fotografias da autoria de Sheila Catrina Moita Cruz
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