A Natureza ao longo dos tempos esteve sempre ao lado da humanidade, em todos os momentos. No entanto, já não podemos afirmar o mesmo. Existe um maior isolamento da nossa parte, tornando cada pessoa mais presa a quatro paredes, o que, no meu ponto de vista, acaba por fazer crescer o cansaço mental. Acho que conviver com o meio natural é algo que nos ajuda a libertar as nossas preocupações de um meio mais industrializado.
Apesar da interação com o meio natural ser importante e apelar-se a não ficarmos em casa e sairmos à rua, nem todos têm essa oportunidade. Temos o caso das grandes cidades onde, em muitas delas, existem poucos espaços verdes. E tal como numa experiência química, se não temos os materiais necessários, não podemos obter os produtos que desejamos. Por isso, é importante que as Câmaras Municipais de cada zona tentem pelo menos criar espaços para praticar desporto ao ar livre, ou criar mais espaços verdes para cada um se perder na beleza e sossego da Natureza. Um exemplo da criação de espaços para a prática de desporto ou de lazer ao livre é o caso da criação do primeiro Parque Urbano Inclusivo no concelho de Oliveira de Azeméis no passado dia 5 de janeiro. Este parque conta com um espaço de cerca de 8000 metros quadrados e já é um aspeto positivo de aproveitamento de um espaço para a criação de um espaço para a interação com o exterior.
Outro aspeto a ter em conta é a crescente eliminação de espaços verdes. Este tópico acaba por estar diretamente relacionado com o primeiro tópico, pois ao retirarmos espaços verdes, a interação com um meio natural será mais complicada. A desflorestação para a construção de um meio mais citadino é inevitável. Isso é algo já bem assente nas nossas mentalidades, infelizmente. O crescimento populacional é algo rápido e há que compensar construindo habitações. Mas podemos combater este crescimento de perda florestal. Porque algo que também é uma realidade, é que muitos terrenos florestais desaparecem, para a construção de empresas ou de outros meios comerciais. É a evolução de uma cidade, mas também é preciso impor limites. Já existem vários casos de revolta social em relação a certas decisões que levariam a um grande dano ambiental. Como é o caso da exploração de lítio em Portugal, onde várias associações ambientais, e a populações das zonas em questão, se manifestaram contra estas explorações, pois estas iriam causar um enorme impacto negativo na Natureza daquela região como foi o caso na região de Barroso.
Para além destes dois argumentos anteriores, acho que para além da ação do Estado e das entidades responsáveis pela gestão de cada zona, também é preciso que cada um seja incentivado a sair do seu “buraco”. As pessoas em nosso redor têm um grande impacto na nossa maneira de interagir com o espaço exterior. Para verificar este argumento acho que até posso usar este caso. Se em minha casa não houver quem me incentive a ir lá fora e eu não tiver uma mentalidade de aproveitar o espaço exterior, vou-me deixar estar e vou continuar no meu canto. Nada contra, mas serve de exemplo de que o meio à nossa volta influencia-nos.
Na minha opinião, existe progresso em relação ao incentivo para cada um de nós aproveitar o espaço exterior. Claro que existem casos mais complicados em que se a pessoa sai de casa, vai dar de caras com uma muralha de edifícios e ver uma cidade congestionada de pessoas até dizer chega. E é aí que quem manda deve agir. Deve promover e criar espaços que façam com que as pessoas se refugiem do caos da cidade. Algo que as faça querer sair de casa e andar ao ar livre. No meu caso, sinto-me sortudo pela zona em que vivo. Vivo numa zona com muita Natureza e também com pessoas que também a valorizam. Viver numa zona com muita Natureza e ter amigos que a valorizam e gostam de passear nela, é algo que já não se vê todos os dias. É deveras algo de louvar.
Para terminar sinto a necessidade de partilhar um excerto de “A Espantosa Realidade das Coisas” de Fernando Pessoa, escondido no seu heterónimo denominado de Alberto Caeiro.
“Outras vezes oiço passar o vento; E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.”.
Eu revejo-me bastante neste excerto pois acho que um simples pormenor da Natureza pode nos trazer alguma paz mental. Infelizmente nem todos têm a mesma oportunidade e é algo a ser trabalhado para o futuro.