Após 14 corridas, a temporada de 2024 da Fórmula 1 já se mostra muito diferente daquela que foi a do ano anterior. Se, em 2023, apenas tivemos 3 vencedores diferentes de Grandes Prémios, com a Red Bull ganhar 22 das 23 corridas que ocorreram, este ano já 7 pilotos diferentes ganharam uma corrida, com as quatro equipas principais a subir ao primeiro lugar do pódio. A caminho da pausa de verão, prevê-se uma luta pelo campeonato de construtores, com a Red Bull a demonstrar fragilidades.
A nova temporada de Fórmula 1 teve início, no final de fevereiro, com o Grande Prémio do Bahrein, no Circuito Internacional de Sakhir, e com o Grande Prémio da Arábia Saudita, em Jeddah, no fim de semana seguinte. As duas primeiras corridas da época pareciam uma continuação da temporada de 2023, com Max Verstappen e a Red Bull a dominarem os dois primeiros fins de semana.
O primeiro sinal de que a temporada de 2024 não seria igual à do ano passado ocorreu no Grande Prémio da Austrália. No Circuito Albert Park, em Melbourne, Verstappen viu-se obrigado a abandonar a corrida na terceira volta devido a problemas no motor. Carlos Sainz venceu o Grande Prémio, dando à Ferrari a primeira vitória da temporada.
Foi em Miami, no mês de maio, que Lando Norris finalmente se tornou vencedor de um Grande Prémio. Para os fãs de Fórmula 1, este foi o primeiro grande momento emotivo da época com o piloto britânico de 24 anos a atingir o lugar mais alto do pódio. Ao som de God Save The King, a McLaren voltou a ganhar um Grande Prémio, algo que não acontecia desde setembro de 2021, quando Daniel Ricciardo ganhou o Grande Prémio de Itália, em Monza.
O segundo grande momento emotivo da temporada aconteceu no dia 26 de maio em Monte Carlo, no Mónaco. Em casa e a partir da pole position, Charles Leclerc venceu, pela primeira vez na carreira, o Grande Prémio do Mónaco, um dos circuitos mais tradicionais e importantes da modalidade. Esta foi a segunda vez na temporada que Verstappen ficou fora do pódio, mostrando mais uma vez que a Red Bull estaria muito diferente daquilo que foi nos últimos 2 anos.
Em julho foi onde se perceberam as reais dificuldades da Red Bull. Nos últimos quatro grandes prémios antes da pausa de verão, a equipa austríaca não ganhou nenhuma das corridas. O melhor resultado foi em Silverstone com Verstappen a ocupar o segundo lugar. O Grande Prémio de Inglaterra ficou também marcado pela vitória estrondosa de Lewis Hamilton. O heptacampeão mundial não ganhava uma corrida desde 2021, quando venceu o Grande Prémio da Arábia Saudita. Numa cerimónia comovente, o piloto britânico de 39 anos ganhou pela nona vez em Silverstone, reforçando ainda mais a sua posição enquanto piloto com mais vitórias no circuito.
Antes da pausa de verão, ainda houve tempo para a primeira vitória de Oscar Piastri. O piloto australiano de 23 anos, que faz apenas a sua segunda temporada na Fórmula 1, conseguiu atingir o primeiro lugar do pódio. No entanto, uma vitória histórica para o piloto ficou marcada pelos problemas de estratégia da McLaren. Quase no final da corrida, a equipa britânica decidiu parar primeiro nas boxes Lando Norris, que estava em segundo lugar. O piloto britânico ultrapassou Piastri, que liderava a corrida desde o inicio. Na penúltima volta, Norris acabou por ceder o primeiro lugar ao colega de equipa, a pedido do seu engenheiro.
A primeira parte da época não terminou sem que Hamilton ganhasse novamente uma corrida. O piloto britânico ganhou o Grande Prémio da Bélgica, em Spa-Francorchamps, dando, assim, na temporada, a terceira vitória à Mercedes. Contudo, Hamilton só soube que tinha vencido a corrida algumas horas depois. George Russell, que já tinha vencido o Grande Prémio da Áustria, no final de junho, garantindo a primeira vitória da temporada à equipa alemã, terminou a corrida no primeiro lugar. No entanto, após a corrida, foram encontradas irregularidades no carro do piloto britânico que tinha 1.5kg abaixo do peso mínimo que os carros de Fórmula 1 devem ter. O piloto acabou desqualificado e possibilitou que Hamilton, que tinha acabado no segundo lugar, garantisse a sua segunda vitória da temporada. Ainda que tenha mantido a vitória, a Mercedes perdeu o segundo lugar que tinha obtido, bem como os preciosos pontos que tinha acumulado e que possibilitava aproximação à Ferrari, que se encontra em terceiro lugar no campeonato de construtores.
A “silly season” começa muito diferente da do ano passado. Se o campeonato de pilotos parece já não fugir a Max Verstappen que vai para as férias de verão com 78 pontos de avanço sobre Norris, pelo contrário, o campeonato de construtores promete ser intenso até ao fim da temporada. A McLaren encontra-se apenas a 42 pontos da Red Bull, que não tem conseguido que os seus dois pilotos pontuem de forma semelhante. Sérgio Perez aparenta estar com bastantes problemas, não conseguindo contribuir para o acumular de pontos tal como a equipa austríaca assim o desejaria. A dominância da Red Bull dos últimos dois anos parece, assim, estar a aproximar-se do fim.